sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Inclusão Digital: A Cibercultura como fonte de exclusão?

De fato, o acesso ao ciberespaço necessita de infra-estrutura e investimento de dispositivos e equipamentos de alto custo, inacessíveis para grande parte da população mundial ou até mesmo para alguns dos países mais pobres do mundo. Há também outros obstáculos que estão além da questão econômica, que estão ligados às competências e cultura humanas.

Contudo, há fatos a serem considerados que podem ajudar a responder essa questão. Comparada a outros meios de comunicação que perpassam a história da humanidade, a internet é o meio que mais rapidamente cresce no que diz respeito a acesso. Se pensarmos nos correios, que foi criado antes mesmo que a 90% das pessoas soubessem ler ou escrever, ou ao telefone, que mesmo hoje é usado por pouco mais de 20% da população mundial, a comunicação por meio da rede mundial de computadores é a que tem um crescimento muito mais acelerado, mesmo por entre as camadas mais desfavorecidas economicamente.

Outro ponto a se destacar é o barateamento do custo a curto prazo e a expansão dos conhecimentos necessários para que se possa ter acesso à essa tecnologia. Com o desenvolvimento de tecnologias de software e hardware nos últimos 30 anos, cada vez mais os computadores e a própria internet se tornam mais amigáveis e permitem uma interface muito mais acessível a todos os níveis de usuários. Desta forma, não é necessário mais que uma pessoa seja especialista em computação para navegar pela grande rede. É muito mais fácil, nos dias atuais, aprender a usar a internet, mesmo sozinho. Prova disso são as crianças, cada vez mais jovens, familiarizadas com terminologias e processos que há pouco tempo atrás só poderiam ser realizados depois de um certo treinamento e de prática em cursos especializados.

O que deve ficar bem claro é que toda nova tecnologia em comunicação tem como consequência a produção de excluídos. Antes da escrita, não haviam analfabetos e antes da imprensa, não haviam desinformados. Contudo, nenhuma dessas características versam pelo fim da tecnologia. Ou seja, não é porque houve uma separação entre letrados e iletrados que a escrita deveria ter sido abolida. Da mesma forma, a chamada cibercultura e as tecnologias da internet se desenvolveram de fato a excluir uma certa porcentagem da população e os trabalhos devem ser para incluir cada vez mais pessoas nesse universo, buscando melhorar as suas vidas e a de toda a comunidade com a inserção desses novos meios de comunicação.

É exatamente esse o ponto central do que chamamos de inclusão digital: não é suficiente dar a todas as pessoas um computador com uma ótima interface e todas as facilidades de acesso. É necessário, e talvez seja realmente o mais importante, dar condições para que essas pessoas, munidas de tal tecnologia, possam a utilizar de forma consciente na participação nos processos de inteligência coletiva e de construção colaborativa do conhecimento. A inclusão digital se dá, portanto, não com o acesso à tecnologia pura, mas sim como parte de um processo de inclusão social. O uso das tecnologias deve buscar, antes de tudo, um avanço no bem-estar de todo um grupo social, favorecendo sua cultura, suas necessidades e suas particularidades. Somente desta forma a massa excluída estará, de fato, inserida neste ciberespaço.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Inclusão Digital: Dados e Estatísticas

Abaixo, seguem alguns gráficos que ilustram parte de quem tem acesso no Brasil e no mundo. Analise os gráficos atentamente, faça cruzamentos entre os dados apresentados e façam uma reflexão acerca de como anda a questão do acesso às tecnologias.


Gráfico 3.2.1. Percen
tual de usuários de internet no Brasil entre 2000 e 2005


Gráfico 3.2.2. Percentual de usuários de internet em alguns países em 2005



Gráfico 3.2.3. Distribuição de indivíduos que acessaram a internet no Brasil em 2005 em função da idade

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Inclusão Digital: O que é?

Antes de mais nada, é imprescindível que se consiga delimitar aqui qual é, de fato, o nosso objeto de estudo, e de que ponto de vista estamos partindo para iniciar o assunto. Desta forma, há algumas definições do que é inclusão digital e a mais básica delas é que estar incluído digitalmente é ter acesso a um computador. E é exatamente com essa definição que começam os problemas. Afinal de contas, só ter um computador que se pode usar é suficiente para se estar incluído na era da informação e do conhecimento? Há algum outro pressuposto que possa materializar essa inclusão? Há outros fatores que podem definir a exclusão que não só a possibilidade ou não de ligar um computador? Vejamos.Em um mundo ideal, imaginemos que o Estado possui o poder e o orçamento necessários para instalar telecentros suficientemente distribuídos pelo país inteiro, com bons computadores equipados com o que há de mais moderno, e que abra as portas desse telecentro para quem quiser entrar. Assim, as primeiras pessoas vão entrando, um tanto quanto desconfiadas, tomando seus lugares na frente dos computadores e logo o primeiro problema desse mundo ideal aparece. Elas não sabem sequer ligar aquela máquina e, muito menos, usá-la. Então percebe-se que há um novo fator para que de fato essas pessoas possam ter acesso ao computador: saber usá-lo! Isso altera a definição anterior. Desta forma, Inclusão Digital é possibilitar o uso dos computadores pelas pessoas, dando a essas conhecimento para aperá-los. Assim, esses telecentros criados contam com professores bem formados e remunerados, que podem ensinar a todos como usar o computador.

O problema é que mesmo que esse mundo ideal existisse, ainda teríamos problemas. Imagine que todos tem como usar um computador e sabem fazer isso. Só que, se estes computadores não estiverem ligados entre si e com a grande rede chamada internet, haverá ainda um grande distanciamento dos novos usuários e todo o potencial que a inclusão digital permite. Assim, tudo isso deveria estar ligado em rede com a internet, o que altera mais uma vez a definição estabelecida sobre inclusão digital. Agora é possibilitar, por meio de estrutura e treinamento, que as pessoas possam utilizar computadores ligados uns aos outros e à internet. Pronto... agora sim, temos uma boa definição sobre inclusão digital.

Contudo, agora que todos podem usar computadores ligados a rede, eles olham uns para os outros e se perguntam: pra quê? Ora, se está tudo certo, se todos podem e sabem navegar pela grande rede, a questão primordial é referente ao motivo pelo qual fariam isso. E é exatamente aqui que entra a questão social do termo. Não basta apenas poder e saber usar. É necessário que se faça isso para um motivo, e este deve ser em favor de si e de sua comunidade. Portanto, chega-se a uma definição um pouco mais cautelosa e criteriosa: Inclusão Digital é o ato de dar acesso à tecnologias de informação e comunicação a toda a população, oferecendo também todas as condições necessárias para que elas utilizem computadores e todo e qualquer dispositivo digital afim de buscar melhorias em suas condições de vida e de toda a sua comunidade.

A inclusão digital é, deste modo, parte de algo maior, a inclusão social, o que está imbuído de outras consequências muito mais complexas do que somente o mundo ideal projetado acima. Em um país onde cerca de 10% da população é absolutamente analfabeta e grande parte dos demais é, de fato, analfabeto funcional, como pensar em inclusão digital? Em outras palavras, como possibilitar que as pessoas possam usar as tecnologias para alcançar avanços em sua condição social, se estas pessoas não sabem ler e escrever, ou mesmo que saibam, não conseguem organizar pensamentos em textos coerentes, nem conseguem entender o que lêem? Inexoravelmente, é impossível se pensar em inclusão, seja qual for a sua natureza, sem pensar em algo que precede tudo isso: educação.

Assim sendo, falar de Inclusão Digital sem englobar o conceito em algo muito maior é fazer um recorte que desconsidera todo o resto, ou mesmo considera que o tudo o que engloba o cidadão está funcionando perfeitamente. Não adianta vender computadores a preços acessíveis, ou investir em telecentros, ou mesmo equipar escolas com ótimas máquinas, se isso tudo não for parte de um projeto muito maior, que necessariamente está ligado à educação e à inclusão social.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Inclusão Digital: Problematizando o tema

Antes de seguir adiante nesse texto de estudos, faça algumas reflexões: o que é, para você, Inclusão Digital, ou Infoinclusão? O que você faria, se tivesse poderes, para diminuir a Infoexclusão, ou Exclusão Digital? Quais são os fatores necessários para que se possa dizer que uma pessoa é incluída digitalmente? Quem são os incluídos e quem são os excluídos digitais no Brasil? E no estado de São Paulo? E na sua cidade? E na sua família?

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Inclusão Digital: Primeiras Palavras

Falar de Inclusão Digital é sempre bastante delicado e o foco sempre é direcionado para um ponto específico de interesse. Esse texto busca abordar o tema de modo bastante genérico, abarcando as principais definições e algumas de suas implicações no mundo atual. Ou seja, pensar a Inclusão Digital não é somente abordar a questão tecnológica, mas principalmente questões políticas, sociais e educativas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

2º Seminário "Cidadania e Redes Digitais" - Mesa 4/6

A Mesa 4 - Web semântica, interatividade e cidadania introduziu e problematizou o conceito de web semântica: uma web que não depende exclusivamente do comando de seres humanos, mas onde as máquinas também têm participação ativa na interpretação da informação contida na rede. Em outras palavras, algumas práticas seriam automatizadas, pois os computadores seriam capazes de tomar decisões por nós baseados na codificação de arquivos.



Mesa 04
Carlos Cecconi, do escritório do W3C Brasil (World Wide Web Consortium) abriu a mesa contando brevemente a história da World Wide Web, segundo ele idealizada e criada por Tim Berners-Lee, do CERN, em 1989. Cecconi esclareceu que o papel do W3C é desenvolver protocolos e diretrizes para a Web que conduzam-na ao seu potencial máximo, baseando-se em seus quatro princípios básicos: web para todos; web em qualquer dispositivo; web como base de conhecimento; e web confiável e segura. Cecconi finalizou sua apresentação diferenciando a web sintática - composta de regras e formalidades - da web semântica - que são interpretações e inferências.

A mesa seguiu com a discussão filosófica do Prof. Henrique Antoun, da UFRJ. Ainda que tenha declarado-se um entusiasta da web semântica, Henrique fez uma colaboração muito importante para a mesa: coube a ele o papel de problematizar a web semântica. A preocupação do prof. Antoun circunda a seguinte pergunta: se a web semântica proporciona uma web auto-consciente, quem controlará essa auto-consciência? De que modo a multidão terá controle sobre a web semântica, ou será que iremos viver em uma grande paranóia policial? Adepto de estudos fenomenologistas, o prof. Antoun travou consigo mesmo - e com suas referências bibliográficas - um alto embate conceitual sobre o que é consciência.

Quem encerrou - e muito bem - a mesa foi Jomar Silva, desenvolvedor e ativista do padrão ODF (OpenDocument Jomar SilvaFormat), com participação na ODF Alliance Latin America, na ABNT e no OASIS ODF TC, o comitê internacional que desenvolve o padrão ODF. Jomar comparou a formatação dos documentos da suíte de escritório Microsoft Office com hieroglifos digitais, que apenas uma elite tem acesso à sua decodificação. Já os padrões abertos envolvem um processo de elaboração transparente e participativo, são disponíveis a qualquer um que queira acessá-los ou modificá-los, são livres de royalties e não apresentam limites à sua utilização. Jomar concluiu sua apresentação dizendo que optar por um padrão aberto não é uma mera questão de tecnologia: "quem controla o padrão, controla a informação e a comunicação", controla-se quem e quando se acessa essa informação.

Siga Jomar no Twitter: @homembit

Mais informações sobre essa mesa por Gabriela Agustini no blog Cidadania e Redes Digitais.

sábado, 14 de novembro de 2009

2º Seminário "Cidadania e Redes Digitais" - Mesa 3/6


A Mesa 3: Poder comunicacional, ecossistema digital e reputação começou em clima afetivo, com Eugênio Bucci. Dulcília Helena Buitoni, mediadora da mesa, foi sua orientadora de doutorado. Ainda, Eugênio foi professor da Cásper Líbero entre 2001 e 2002, além de já ter trabalhado e/ou participado de projetos junto com Sérgio Amadeu e outros participantes do seminário.

Atualmente professor da USP de São Paulo, Bucci começou sua apresentação ponderando que se por um lado a Internet e outras tecnologias reforçam uma revolução comunicacional da sociedade, por outro podem simplesmente ser facetas d'O Capital, introjetando fetiches consumistas por uma tecnologia mundialmente interconectada e o estabelecimento de novos contratos (por exemplo, o possível fim do trabalho assalariado). Bucci colocou ainda que as tecnologias citadas, em si, não representam inovação, a não ser que estejam atreladas a práticas sociais, e que a dita revolução comunicacional não é inédita ou consequência do advento dessas tecnologias. A referida revolução é parte de um processo histórico, que tem seu primeiro grande êxito com a Revolução Francesa, sendo que o fluxo desse processo histórico iniciou-se mesmo antes dessa vitoriosa revolução burguesa.

O que a era digital realmente fornece de novo, segundo Bucci, é favorecer o diálogo entre diversos núcleos antes separados na era dos meios de comunicação em massa, o que consequentemente traz alterações à esfera pública. Bucci constata ainda que, mesmo que os núcleos sociais tenham fortalecido o diálogo entre si, a fragmentação ainda permanece em caráter mais amplo, mais geralista. E que por incrível que pareça, a era digital serviu para aumentar ainda mais a credibilidade, a confiabialidade e a reputação de marcas já convencionais na era dos meios de comunicação em massa, como CNN, The New York Times, entre outras.


A mesa seguiu com a apresentação de Javier Bustamante, professor titular de Ética e Sociologia na Universidade Complutense de Madrid e professor visitante do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da UNICAMP. Possuidor de um currículo internacionalmente admirável, Javier expôs em sua apresentação teorias econômicas que dão sustentação à idéia da Internet como uma rede plural, descentralizada e livre, em oposição aos atuais modelos que econômicos que simplesmente tratam os bens intangíveis - como informação, conhecimento e softwares - como se fossem bens materiais (capitalismo cognitivo).

Um dos ramos de sustentação das novas teorias econômicas expostar pelo prof. Bustamante é o conceito de ecossistema digital, de Yochai Benkler: várias "espécies" digitais que se beneficiam mutuamente, a morte de velhos modelos, estruturas auto-organizativas, ver as redes como bem-comum. Javier também referenciou Manuel Castells, citando a emergência de um contra-poder, que é a auto-comunicação das massas. Outra questão chave para a compreensão dos conceitos da nova economia citadas na apresentação é a releitura da lei da oferta e da demanda: é possível uma economia sustentável baseada em bens de consumo? O valor da nova economia não se baseia na escassez, mas na onipresença.


Para encerrar a mesa, contamos com a participação de José Murilo Jr., coordenador de cultura digital do Ministério da Cultura e um dos idealizadores do portal Cultura Digital. Murilo falou sobre como o Ministério da Cultura abssorveu e botou em prática as características interativas proporcionadas pela Internet: inovações no modelo comunicacional, abertura, transparência, diferencial comunicativo, descentralização do conteúdo, entre outras. Murilo também explicou o surgimento e funcionamento do portal Cultura Digital, que tem a pretensão de ser O fórum da cultura digital brasileira. O Cultura Digital tem centralizado diversas discussões sobre o tema, de maneira totalmente aberta, participativa e plural. O portal é uma verdadeira rede social, contendo grupos de discussão, perfis de usuários completos, relações de amizade, blogs internos e integração com outras plataformas sociais interativas, como outros blogs, Twitter, YouTube, entre outras.

Mais informações sobre essa mesa por Gabriela Agustini no blog Cidadania e Redes Digitais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

2º Seminário "Cidadania e Redes Digitais" - Mesa 2/6

A segunda mesa, mediada pelo coordenador do Programa de Pós-Graduação da Cásper Líbero, Prof. Dr. Dimas Künsch, começou com o bom humor do Prof. Langdon Winner, da Rensselaer Polytechnic Institute, em Nova Iorque. "Farei minha fala livre de apresentação PowerPoint" (PowerPoint free, fazendo um trocadilho com free software/software livre). O Prof. Winner apresentou um ponto de vista bastante radical sobre plágio no contexto educativo. Criticando fortemente um software de detecção de plágios, o Turn it in (ou "Turn the bastard in" 1, como brincou o Prof. Winner), sua exposição apresentou argumentos de que nem toda informação é "citável", ou seja, há referências que estão tão intrínsecas em nosso pensamento que os alunos podem nem identificar que estão fazendo referência a outro autor.

O mecanismo do software é binário demais para detectar plágios, ou seja, falta-lhe inteligência e sensibilidade, e por isso acaba por cometer injustiças, acusando falsamente alunos de plagiadores, e que não devemos desencorajar os alunos a copiarem textos de terceiros. A visão do Prof. Winner nos parece tão radical quanto a crítica que ele próprio faz do software Turn it in: o que nós educadores devemos fazer, professor?! Incentivar os alunos a copiarem textos da Internet? Não ensiná-los a fazer citações bibliográficas? Referenciação é necessário, é justo, é sincero, até mesmo a licença Creative Commons exige citação da fonte e autor originais.

A mesa seguiu com a apresentação do Prof. Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas e diretor do Creative Commons Brasil. Ronaldo dissertou sobre como a Internet passou a ser alvo de tentativas de ser criminalizada no Brasil, assunto que foi aprofundado por Sérgio Amadeu na Mesa 6. Lemos apresentou alguns dos pontos mais polêmicos da Lei Azeredo, que apresentava uma proposta de cima pra baixo para criminalizar a Internet no Brasil. Além de autoritária, a Lei Azeredo era incoerente com a realidade tecnológica e social da Internet, e não levava em conta as peculiaridades que tornam a Internet uma grande rede de compartilhamento livre (e controlado, como extensamente discutido no Seminário).


Essas peculiaridades tornam-se ainda mais evidente quando a sociedade civil organiza-se utilizando a própria Internet e rejeita calorosamente a proposta do Senador Eduardo Azeredo. Essa mobilização culimou em um processo colaborativo de discussão e formulação de um marco civil para a Internet brasileira, atualmente sistematizado no site Cultura Digital, rede social que nasceu de uma parceria do Ministério da Cultura com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), formado pelos Ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Educação (MEC). O processo do marco civil é extremamente inovador: as discussões desenvolvidas no site (que já vinham sendo discutidas em blogs, sites, no Twitter, etc.) serão sistematizadas e levadas em consideração pela equipe do Marco Civil. Ronaldo termina sua apresentação com a esperança de que o marco civil sirva como referência para processos futuros, onde a sociedade civil tem participação mais ativa na elaboração das leis federais. É uma nova relação de representatividade.

Encerrando a mesa, o Prof. Giuseppe Cocco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre a oposição entre o neocapitalismo e o capitalismo cognitivo, ou bio-capitalismo. Esse último é a apropriação das lógicas de consumo dos bens materiais (commodities) sobre a informação e o conhecimento, que por sua vez são bens intangíveis. Assim, aplica-se conceitos inapropriados e descontextualizados, quando a alternativa deveria ser encontrar novas formas de lidar com esses bens não-materiais. Neocapitalismo, também chamado economia mista, é um termo utilizado para designar uma nova forma de capitalismo - surgido nas sociedades reconstruídas e tecnológicas do pós-guerra - que se caracteriza pela correção de seus excessos, mediante a aplicação de medidas visando ao bem estar social.2

1 Turn it in significa "entregue-o, delate-o". Turn the bastard in seria "dedure o maldito aluno".
2 Wikipedia. Neocapitalismo. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Neocapitalismo>. Acesso em 10 nov. 2009.

Mais informações sobre essa mesa por Gabriela Agustini no blog Cidadania e Redes Digitais.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

2º Seminário "Cidadania e Redes Digitais" - Introdução e Mesa 1/6

Nos dias 4 e 5 de novembro de 2009, a Fundação Cásper Líbero, por meio de seu curso de Mestrado em Comunicação, promoveu o 2º Seminário "Cidadania e Redes Digitais". Foram 2 dias, 6 mesas, 19 palestrantes, 6 mediadores, 2 tradutoras simultâneas, uma grande equipe audiovisual e de logística e um anfiteatro muitas vezes lotado de ouvintes sedentos por debates ao final das exposições, tudo isso coordenado principalmente pelo Prof. Dr. Sérgio Amadeu. Os debates giraram em torno de temas como a sociedade interconectada, produção compartilhada e descentralizada de informação e conhecimento, anonimato na rede, mecanismos de controle, software livre, padrões abertos, interatividade, e é claro, cidadania, entre outros. O evento foi transmitido ao vivo via streaming.

Nós dois, professores da disciplina TIEM, recebemos o convite da coordenação do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da UFSCar (PPGIS/UFSCar). A Cásper Líbero reservou duas inscrições para alunos do PPGIS, que foi endereçado a nós pela afinidade com nossos temas de pesquisa. Faremos aqui uma breve análise do que rolou nas mesas e debates durante os dois dias de evento. Vamos lá?!


Mesa 1 - Protocolos, códigos, e o princípio da neutralidade na rede

Após Sérgio Amadeu ter feito as honras da casa, a mesa foi muito bem aberta por Tim Wu, professor da Columbia Law School. Com uma presença marcante, Tim apresentou dados e argumentos sobre como a história dos meios de comunicação têm apresentado um ciclo que se repete a cada inovação tecnológica comunicacional: invenção e fundação (por um indivíduo ou grupo), abertura para a população e dominação político-econômica por um pequeno e seleto grupo (geralmente de empresas e grandes corporações). Foi assim com o cinema, o rádio, a TV, e a tese de Tim é o que o mesmo poderá ocorrer com a Internet. Tim argumenta: "neutralidade na rede é a opção de cada um escolher quais informações deseja receber".

Seguiu-se a apresentação de Demi Getschko (pasmem: esse é brasileiro!), engenheiro e diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ator importante na consolidação da Internet no Brasil. Demi falou sobre a natureza dos protocolos da rede, desenvolvidos para serem abertos, transparentes e neutros desde seus primórdios, e apontou subsídios para fortalecer os esforços de muitos para manter a neutralidade da rede. Demi aponta ainda que a responsabilidade não é somente do governo, mas da sociedade civil, que deve organizar-se para manter esse direito básico.

Para manter o altíssimo nível dessa mesa, coube a Carlos Afonso encerrá-la. Também engenheiro e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Afonso apresentou dados alarmantes: a empresa Narus desenvolveu um software que analisa o tráfego semântico da Web, ou seja, qualquer dado que trafegue por uma rede conectada à Internet pode ser identificado, armazenado, manipulado, copiado ou destruído, inclusive em tempo real. Softwares como esse podem ser (pra não dizer que já o são) instalados pelos provedores de acesso para controlar o tráfego de dados de cada usuário, podendo inclusive boicotar o acesso a determinadas informações ou tipos de informação (como por exemplo um download ou uma conversa via VoIP).

Há ainda outros dados preocupantes: no Brasil, apenas cerca de 10,8 milhões de pessoas têm acesso à banda larga (menos de 10% da população). Na verdade, ainda segundo Afonso, o conceito de banda larga no Brasil é bastante questionável: qualquer conexão com mais de 128Kbp/s já é considerada banda larga, enquanto a maior abertura disponível comercialmente é de 12Mbp/s. Qualquer abertura acima disso existe em caráter experimental. Na Europa, o padrão para banda larga é qualquer conexão de no mínimo 2Mbp/s, e há disponibilidade comercial de conexões de até 100Mbp/s! O valor cobrado por essas conexões são indignantes: em São Paulo, o custo médio de uma conexão banda larga é de R$150 a cada MB/s por mês; em Londres, esse mesmo MB/se por mês custa aprox. R$2,60, 65 vezes mais baixo!

Mais informações sobre essa mesa por Gabriela Agustini no blog Cidadania e Redes Digitais.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PodTudo 1: História da Internet








É com muito prazer que disponibilizamos para vocês o PodTudo, podcast da disciplina TIEM. O conteúdo do podcast é em áudio, e para ouvi-lo você deve utilizar o player acima. Acompanhe os tópicos abordados abaixo. Você também pode fazer download do arquivo mp3 para escutar offline ou em seu reprodutor mp3. Clique aqui para baixar o arquivo.

1. Introdução

  • apresentação
  • o que é um podcast
  • planejamento do PodTudo (conteúdo, formato e freqüência)

2. Temática da unidade
  • porque estudar a história da internet
  • internet e compartilhamento de informação
  • comparação entre estudo de história na escola e o estudo da história da internet na disciplina TIEM
3. Dicas e instruções para a unidade
  • ferramenta base de dados: pra que serve e como funciona
  • palavras-chave: definição e como usar
  • utilização da opção "Comentários" no glossário e nas bases de dados da disciplina
  • dicas para postar itens no glossário
  • prazos para atividades e critérios de entregas em atraso
  • descontração e academicismo (informalidade e formalidade): quando usar essas diferentes formas de comunicação


Ficha técnica


PodTudo 1: História da Internet

duração: 24'07"
formato:
mp3, 64 Kbps, 44.100 Hz, Mono
tamanho do arquivo: 11 MB
roteiro e produção: Alberto Geraissate e Paulo Montanaro
gravação e edição: Alberto Geraissate
gravado em: 08/out/2009
disponibilizado em: 09/out/2009

História da Internet: referências bibliográficas


INDIANA UNIVERSITY. Knowledge base. What does TCP/IP means? Disponível em: <http://kb.iu.edu/data/abkr.html>. Acesso em: 22 set. 2009.

___________. Knowledge base. What is FTP, and how do I use it to transfer files? Disponível em: <http://kb.iu.edu/data/aerg.html>. Acesso em: 22 set. 2009.

___________. Knowledge base. What is HTTP? Disponível em: <http://kb.iu.edu/data/afvu.html>. Acesso em: 22 set. 2009.

INTERNET WORLD STATS. Internet usage statistics: the Internet big picture, world Internet users and population stats. Disponível em: <http://www.internetworldstats.com/stats.htm>
. Acesso em 01 out. 2009.

MARKOFF, John. An internet pioneer ponders the next revolution. 20 dez. 1999. The New York Times. Disponível em: <http://partners.nytimes.com/library/tech/99/12/biztech/articles/122099outlook-bobb.html?Partner=Snap>. Acesso em: 22 set. 2009.

WIKIPEDIA. History of the Internet. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_the_Internet>. Acesso em: 27 set. 2009.

___________. History of the World Wide Web. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_the_World_Wide_Web>. Acesso em: 28 set. 2009.

___________. Internet.
Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Internet>. Acesso em: 29 set. 2009.

___________. TCP/IP. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/TCP/IP>. Acesso em: 30. set. 2009.

___________. World Wide Web. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/World_Wide_Web>. Acesso em: 22 set. 2009.

História da Internet: outras referências


CARVALHO, Marcelo Sávio Revoredo Menezes de. A trajetória da Internet no Brasil: do surgimento das redes de computadores à instituição dos mecanismos de governança. Dissertação (Mestrado em Ciências de Engenharia de Sistemas e Computação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.nethistory.info/Resources/Internet-BR-Dissertacao-Mestrado-MSavio-v1.2.pdf>. Acesso em: 20 out. 2009.


VERAS, Paulo. Por dentro da bolha: tudo o que você sempre quis saber sobre as loucuras da Internet mas não tinha a quem perguntar. São Paulo: iEditora, 2004.


WERTHEIM, Margaret. Uma história do espaço de Dante à Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

História da Internet: saiba mais


Neste tópico iremos indicar alguns links interessantes para aprofundar um pouco mais alguns dos temas discutidos ao longo desta unidade.

Ainda que tenhamos afirmado que não há uma data fixa para adotarmos como "o dia da criação da Internet", a Folha Online publicou em 1º de setembro de 2009, em seu caderno de informática, uma matéria comemorando 40 anos da Internet. O texto é bastante interessante, porque faz um retrospecto dos primórdios da rede mundial de computadores - tal qual fizemos por aqui - e também discute aspectos contemporâneos, como a restrição da navegação pela internet e a criação de barreiras aos usuários pelas grandes corporações. Curiosidade: a matéria adota Len Kleinrock como o pai da Internet, mas ele não era o único envolvido no processo. Por haver diversas pessoas em diversos laboratórios e instituições é que resolvemos não citar nomes em nosso texto.

Veja a matéria na íntegra: Internet chega aos 40 anos com ameaças a seu crescimento.

Já que estamos homenageando os pioneiros por meio de matérias recentes publicadas em periódicos atuais, aqui vai mais uma. O Prêmio Nobel de Física de 2009 foi atribuído aos cientistas Charles Kao, Willard Boyle e George Smith. Todos eles, de alguma maneira, tiveram contribuições importantíssimas para o desenvolvimento da Internet tal qual a conhecemos hoje. Leia a nota publicada na Veja.com e descubra quais foram suas contribuições tão importantes: Trio que mudou tudo leva Nobel.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

História da Internet: estudos complementares


O material desta unidade teve como principal fonte de referência a Wikipedia, e principalmente os textos em língua inglesa. Iremos discutir melhor sobre a Wikipedia e sua confiabilidade na Unidade 3, cujo assunto é Web 2.0. Abaixo seguem alguns verbetes que julgamos interessantes ao aluno que queira aprofundar seus estudos sobre a história da Internet e a Internet em si.



Textos da Wikipedia em português




Textos da Wikipedia em inglês




Outras referências


terça-feira, 27 de outubro de 2009

História da Internet: considerações finais


Desde suas primeiras tentativas de implementação, a Internet tem como seu objetivo central o compartilhamento de informações por computadores fisicamente distantes. Talvez por isso que muitas iniciativas que acontecem em torno da Internet, ou seja, que utilizam a Internet como ferramenta, geralmente têm um caráter colaborativo de construção e compartilhamento de informação.

Bom, mas de que nos adianta conhecer os bastidores da Internet, quero dizer, a estrutura de hardware e software que faz a grande rede mundial de computadores rodar? Esse é um questionamento que iremos aprofundar em nossas discussões no ambiente virtual da disciplina: será que para acessar e/ou produzir conteúdos na Web é preciso entender seu funcionamento? O que um produtor de conteúdo – no nosso caso, um educador musical – ganha em termos de melhoria e aprimoramentos para seu site/blog e/ou redes sociais por conhecer tudo isso que nos foi apresentado nesta unidade?

Bons estudos, bom trabalho, e nos vemos no ambiente!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

História da Internet: popularização da Internet e da World Wide Web


A popularização do uso da internet foi possível devido a alguns fatores que listaremos a seguir:
  • a possibilidade de potencialmente qualquer pessoa ou instituição poder desenvolver uma página web (claro que é preciso uma familiarização mínima com alguns recursos de informática, mas desde o princípio há editores HTML que facilitam este trabalho);

  • a evolução dos navegadores web, existentes para praticamente todos os sistemas operacionais mais difundidos e com interfaces cada vez mais amigáveis.
Saindo do âmbito acadêmico e passando para os âmbitos comercial e pessoal, o número de usuários da internet e de páginas web cresceu muito ao longo das décadas de 1990 e 2000. Segundo o site Internet World Stats9 (Estatísticas mundiais da internet), de uma população de aproximadamente 6,5 bilhões de habitantes, o número de pessoas com acesso a internet cresceu de quase 361 milhões de pessoas em dezembro/2000 para mais de 1,5 bilhão de pessoas em junho/2009, um crescimento de 362,3%, atingindo uma penetração social de 24,7% da população. Os continentes com maior e menor número absoluto de pessoas com acesso a internet são, respectivamente, a Ásia, com aproximadamente 704,2 milhões de usuários, e a Oceania, com aproximadamente 20,8 milhões de usuários.

Em termos relativos, ou seja, a proporção da população de cada continente com acesso a internet em relação ao total de habitantes, a América do Norte está no topo da lista, com 73,9% de penetração social, enquanto a África é o continente com menor penetração social: 6,7%. Curiosamente, a Ásia – continente com maior número de pessoas com acesso a internet – é o segundo continente com menor penetração social, logo acima da África, com 18,5%. Já a Oceania – continente com menor número de pessoas com acesso a internet – está em segundo lugar no ranking continental de penetração social, logo após a América do Norte, com 60,1%. No Brasil, de uma população estimada de quase 200 milhões de habitantes, cerca de 67,5 milhões de pessoas têm acesso a internet, uma penetração social de 34%. Ainda que o Brasil seja o país da América Latina com maior número de pessoas com acesso a internet, está em quinto lugar em termos relativos de penetração social.

Uma brincadeira interessante: uma busca no Google realizada em setembro/2009 utilizando os termos “educação musical” trás aproximadamente 481.000 (quatrocentos e oitenta e um mil) resultados; uma outra busca com o termo “music” retorna aproximadamente 1.690.000.000 (um bilhão e seiscentos e noventa milhões) resultados. Uma busca com o termo “a” (escolhida por ser provavelmente uma letra que apareça na grande maioria das páginas web vasculhadas pelo sistema de busca do Google) retorna aproximadamente 18.820.000.000 (dezoito bilhões e oitocentos e vinte milhões) resultados. Impressionante, não?!


9 INTERNET WORLD STATS. Internet usage statistics: the Internet big picture, world Internet users and population stats.

domingo, 25 de outubro de 2009

História da Internet: Advento da World Wide Web


Nós já vimos a definição de World Wide Web: um sistema de documentos em hipertexto interligados via Internet7. Se pensarmos metaforicamente, podemos ver a Internet como sendo o mundo, o planeta, e a World Wide Web como sendo as casas construídas e visitadas por seus habitantes.

Assim como a Internet, o objetivo de criação da Web é o compartilhamento de informação. O projeto nasceu na passagem da década de 1980 para 1990, no CERN (Organização Européia para a Investigação Nuclear, sediado em Genebra, na Suíça). Sua implementação é possibilitada pela utilização do protocolo HTTP para transferência de hipertexto pela Internet. Desde seus primórdios, os elementos básicos que compõem a World Wide Web e a fazem funcionar são:
  • protocolo HTTP: padroniza a maneira como os computadores conectados emitem e recebem as informações;
     
  • servidor web: computador contendo softwares que recebem os pedidos feitos pelos computadores dos usuários, para depois “servir” (enviar) as informações solicitadas, por meio do protocolo HTTP. Os servidores web armazenam as páginas web;
     
  • linguagem HTML (HyperText Markup Language, Linguagem de Marcação de HiperTexto): utilizada para desenvolver os documentos em hipertexto de forma estruturada, padronizada e organizada;
     
  • navegador web: software utilizado pelos usuários para visualizar os documentos contidos na Web;
     
  • páginas web: documentos em hipertexto que podem conter texto, imagens e outros elementos multímidia, produzidos com a linguagem HTML8, que contém informações que podem ser acessadas por qualquer um que possua acesso a Internet e um navegador web. As páginas web são armazenadas em um servidor web, e nada mais são que arquivos gravados no disco rígido do servidor.
Uma réplica da primeira página web criada (e suas sub-páginas) pode ser encontrada no endereço http://www.w3.org/History/19921103-hypertext/hypertext/WWW/TheProject.html.

Basicamente, o usuário – por meio de seu computador com acesso a Internet e um navegador web – seleciona o servidor web que quer acessar, digitando seu endereço virtual ou por meio de um hiperlink em outra página web. O servidor recebe o pedido e envia ao usuário as informações solicitadas. E como funciona o endereçamento na Web?



Figura 1.3 - Acesso a uma página por meio de um servidor utilizando navegador na Web 

Cada computador conectado a uma rede recebe um endereço específico, cujo padrão é definido pelo protocolo IP (conforme vimos no item 1.3.2), e na Internet não haveria de ser diferente. Vale notar que em uma rede local de computadores, mesmo sem acesso a Internet, os computadores são endereçados por meio de endereços IP para que possam comunicar-se. Veja alguns exemplos de endereços IP:


  • 192.168.0.1
  • 208.67.220.220
  • 189.7.86.134


Você deve estar pensando: “Ué?! Mas eu nunca digitei um endereço assim antes para acessar uma página web...”. Não, você não está enganado, nós comumente utilizamos “apelidos” para esses nomes tão difíceis de memorizar. A esses “apelidos” chamamos de domínios. Alguns exemplos de domínios:
  • exemplo.com.br
  • gmail.com
  • greenpeace.org.br



7 WIKIPEDIA. World Wide Web.

8 Ou outra linguagem própria para a Web. Existem outras linguagens de marcação utilizadas para produzir páginas web, como JavaScript, CSS, XML, entre outras.

sábado, 24 de outubro de 2009

História da Internet: panorama da história da Internet


Por fins de adequação ao programa desta disciplina, não iremos comentar passo a passo da evolução da internet desde a década de 1960 até sua popularização na década de 1990. São diversas as instituições envolvidas, os protocolos e sistemas desenvolvidos, e conseqüentemente os erros e acertos de cada iniciativa. Iremos apenas pincelar alguns eventos mais significativos para a consolidação da internet tal como a conhecemos hoje.



Descrever a criação da internet é bastante interessante, principalmente pelo fato de que não há uma data em que podemos dizer: “neste dia, a internet foi criada”. Há uma série de marcos importantes ao longo de quatro décadas que definem a internet como a conhecemos hoje. Desde a década de 1960, diversos programas de pesquisa voltaram esforços para o desenvolvimento de ligações de redes entre computadores fisicamente distantes, liderados pela Agência para Projetos em Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados Unidos – DARPA, principalmente no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e na University of California em Los Angeles (UCLA). Os primórdios da internet estão de alguma forma relacionados à Guerra Fria: por um lado, os Estados Unidos estavam na corrida tecnológica com a União Soviética, donde um canal de comunicação entre os pólos científicos fisicamente distantes seria um passo à frente; por outro lado, descentralizar informações confidenciais do governo é uma estratégia de defesa importante, pois diminui o risco de perda dessas informações. Muito se fala sobre isso, mas para não correr o risco de especulações ideológicas – visto que não temos fontes confiáveis sobre esse tema – iremos centrar nossa atenção mais em aspectos técnicos da implementação da internet no mundo.


Ainda na década de 1960, não existia um protocolo de comunicação entre computadores unificado, o que tornava a interconexão entre diferentes terminais pouco produtiva. Havia, no contexto da DARPA, uma rede com três terminais: um no System Development Corporation (SDC) em Santa Monica, um na University of California em Berkeley e outro no já citado MIT. Veja o depoimento de um dos envolvidos no início deste projeto:

Para cada um desses três terminais, havia três diferentes conjuntos de comandos de uso. Se o usuário estivesse falando online com alguém no SDC e quisesse falar com alguém em Berkeley ou no MIT sobre isso, teria que levantar do terminal do SDC, ir até outro terminal, conectar-se e então fazer o contato5.


Essa rede foi crescendo paulatinamente, e tornou-se o que foi denominada ARPANET. Novos terminais interligaram-se à ARPANET, que é considerada o embrião do que hoje é a internet. Como o financiamento da ARPANET provinha de fontes militares governamentais, a colaboração internacional era escassa. Havia outras redes na Europa, Oceania e Ásia, que utilizavam outros protocolos de transmissão de dados, como X.25 e a UUCP. A união de redes dispersas foi possível devido à padronização do protocolo de transmissão de dados, o que ocorreu com o desenvolvimento do TCP/IP entre a década de 1970 e a primeira metade da década de 1980.


“O TCP/IP é um conjunto de protocolos de comunicação entre computadores em rede. [...] Seu nome vem de dois protocolos: o TCP (Transmission Control Protocol - Protocolo de Controle de Transmissão) e o IP (Internet Protocol - Protocolo de Interconexão)6”. Protocolos, nesse caso, são espécies de softwares que determinam a maneira como os dados serão transmitidos pela rede, de modo que os computadores “falem a mesma língua” e consigam entender a maneira como essas informações estão sendo transmitidas. Esse conjunto de protocolos denominado TCP/IP apresenta alguns pontos fortes que merecem destaque.


Um deles é a comutação de pacotes, uma tecnologia de transmissão de dados entre diferentes computadores da rede. Significa que as informações digitais transmitidas são agrupadas em pacotes de dados que são enviados do terminal hospedeiro de modo a reuni-los novamente no terminal de destino. Outro ponto que merece destaque é o fato de que o TCP/IP, por meio da comutação de pacotes, centra a responsabilidade de envio e recebimento de dados nos softwares operantes nos computadores da rede, e não na estrutura física da rede em si (hardware).


A partir do início da década de 1980, a internet deixou de ser restrita a ambientes acadêmicos e militares, e teve seu uso difundido comercial e pessoalmente. Isso foi possível devido ao surgimento de provedores de acesso a internet, que são pontos que distribuem o acesso à internet para consumidores terceiros. Esse não foi um processo rápido e imediato, visto que a internet era vista como um instrumento de pesquisa acadêmica e de defesa militar.


As conexões entre os computadores fisicamente distantes são estabelecidas por meio de cabos de fibra ótica (inclusive cabos submarinos) e também via satélite.



5 Entrevista com Robert W. Taylor. In: MARKOFF, John. An internet pioneer ponders the next revolution.

6 WIKIPEDIA.
TCP/IP.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

História da Internet: conceitos básicos


Primeiramente, é importante termos claro o conceito de internet: um sistema global de redes de computadores interconectadas que se comunicam entre si. Dois ou mais computadores interconectados formam uma rede; diversas redes espalhadas pelo mundo interconectadas formam a internet.



Figura 1.1 - A internet é a interconexão entre diversas redes de computadores



A internet é um sistema global de comunicação de informação, com infra-estrutura de hardware e software que possibilita conectividade entre computadores. Não é, portanto, a parte visível que nós, enquanto usuários, navegamos. A essa parte visível, a ponta do iceberg, chamamos World Wide Web. A World Wide Web (WWW, Web ou ainda W3) é um aplicativo que é executado na internet. Como vimos, é um sistema de documentos em hipertexto interligados, acessados via internet, por meio do protocolo HTTP (HyperText Transfer Protocol, ou Protocolo de transferência de hipertexto). Na encontramos documentos em hipertexto – as páginas web – que contém textos, imagens, áudio, vídeo e hiperlinks, entre outros elementos multimídia. Essas páginas podem interconectar-se entre si por meio de hiperlinks, que são caminhos para documentos existentes na World Wide WebWeb. As páginas que acessamos diariamente estão na World Wide Web, e é por isso que anteriormente chamamos a Web de “a parte visível, a ponta do iceberg” da internet. Se pensarmos em camadas, a internet é então a estrutura que permite interconectividade entre computadores, e fica na base do processo. A Web, junto a outros aplicativos, é executada na estrutura possibilitada pela internet, e fica acima dela. Outros aplicativos comuns executados na internet são: o e-mail, o FTP4, o TCP/IP, entre outros. No topo do esquema, desfrutando de toda essa infra-estrutura, estão os usuários e seus navegadores web.




Figura 1.2 - Visão em camadas da internet e aplicativos baseados em sua estrutura


4 O FTP (File Transfer Protocol, ou Protocolo de transferência de arquivos) é utilizado para transferir arquivos entre computadores em uma rede, como por exemplo a internet. [http://kb.iu.edu/data/aerg.html].

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

História da Internet: problematizando o tema


Você sabia que internet e World Wide Web não são sinônimos? A história da internet nasceu nos anos 1960 com as primeiras iniciativas de comunicação de computadores fisicamente distantes por redes. A estrutura da internet tal qual está estabelecida hoje consolidou-se na década de 1980, e foi na década de 1990 que seu uso foi disseminado com o advento da World Wide Web, ou seja, um conjunto de documentos interligados entre si, que podem ser criados e acessados por praticamente qualquer pessoa.


Que conseqüências a expansão da internet e da World Wide Web acarretou na sociedade contemporânea? O que você acha sobre a produção de conteúdo virtual produzido por e acessível para uma maior parte da população? Qual o impacto dos blogs e das redes sociais no âmbito educativo? Esses são alguns dos pontos que vamos introduzir nesta unidade e aprofundarmos ao longo da disciplina.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

História da Internet: primeiras palavras


A internet nada mais é que um sistema global de redes de computadores interconectadas que se comunicam entre si. Nesta unidade, iremos conhecer um pouco do processo de criação e evolução da internet no mundo desde a década de 1960, primeiramente no âmbito militar e acadêmico, posteriormente passando para o comercial e o pessoal. Diversos protocolos foram utilizados e substituídos, até a consolidação do TCP/IP1 e posteriormente da World Wide Web2 e do HTTP3, o que permitiu a popularização massiva da internet na década de 1990.


Atualmente, constata-se uma expansão significativa de conteúdos produzidos de forma colaborativa e facilmente compartilhada, por meio de páginas web, blogs e alimentadores RSS, além das redes sociais. Veremos esses e outros tópicos ao longo das quatro unidades desta disciplina.



1 Transmission Control Protocol/Internet Protocol, ou Protocolo de controle de transmissão/protocolo de internet, que é um conjunto de padrões de protocolos de rede que permitem que dois ou mais computadores comuniquem-se. [INDIANA UNIVERSITY. What does TCP/IP mean?]. Com o advento do TCP/IP e sua padronização para conexão entre diferentes redes, foi possível unir iniciativas espalhadas em diversos continentes e assim possibilitar uma rede global de computadores.

2 A World Wide Web é um sistema de documentos em hipertexto interligados, acessados via internet. Com um navegador web, pode-se visualizar páginas web que podem conter texto, imagens, vídeos e outros elementos multimídia. Pode-se também navegar entre páginas web utilizando-se hiperlinks. [WIKIPEDIA. World Wide Web].

3 HyperText Transfer Protocol, ou Protocolo de transferência de hipertexto. O HTTP é o protocolo que torna possível a World Wide Web. [INDIANA UNIVERSITY. What is HTTP?].

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Mensagem de boas-vindas!


Bem-vindos ao blog da disciplina Tecnologias da Internet para Educação Musical (TIEM), do curso Licenciatura em Educação Musical (EM) da Universidade Aberta do Brasil da Universidade Federal de São Carlos (UAB-UFSCar). Ufa! Quanta sigla! A UAB-UFSCar oferece cursos de graduação a distância (EaD), e nosso curso de Educação Musical é um deles.


As atividades desta disciplina visam habilitar os alunos a utilizarem os diversos recursos oferecidos pela internet e pelas tecnologias da comunicação em geral em suas atividades profissionais enquanto futuros educadores, podendo potencializar as suas possibilidades com ferramentas e tecnologias diversas inseridas na comunidade virtual.

Assim, vocês terão a possibilidade de criar blogs e a utilizar redes sociais e outras tecnologias, com ênfase na aplicabilidade educacional destas.

Aqui no blog central de TIEM, postaremos os textos de trabalho, links e comentários para outros sites e blogs relacionados aos nossos temas de interesse. Também centralizaremos aqui os links referentes aos ambientes virtuais da disciplina no Moodle da UAB-UFSCar e também todos os blogs criados pelos alunos ao longo das atividades.

Então é isso aí, pessoal! A nossa grande meta com essa disciplina é: divirta-se! Não é porque estamos trabalhando com algo sério que isso deve ser chato, não é mesmo? Certamente, poderemos desenvolver um ótimo.


Esperamos que vocês aproveitem o curso!
Bom trabalho para todos nós!

Alberto Geraissate Paranhos de Oliveira
Paulo Roberto Montanaro