sábado, 14 de novembro de 2009

2º Seminário "Cidadania e Redes Digitais" - Mesa 3/6


A Mesa 3: Poder comunicacional, ecossistema digital e reputação começou em clima afetivo, com Eugênio Bucci. Dulcília Helena Buitoni, mediadora da mesa, foi sua orientadora de doutorado. Ainda, Eugênio foi professor da Cásper Líbero entre 2001 e 2002, além de já ter trabalhado e/ou participado de projetos junto com Sérgio Amadeu e outros participantes do seminário.

Atualmente professor da USP de São Paulo, Bucci começou sua apresentação ponderando que se por um lado a Internet e outras tecnologias reforçam uma revolução comunicacional da sociedade, por outro podem simplesmente ser facetas d'O Capital, introjetando fetiches consumistas por uma tecnologia mundialmente interconectada e o estabelecimento de novos contratos (por exemplo, o possível fim do trabalho assalariado). Bucci colocou ainda que as tecnologias citadas, em si, não representam inovação, a não ser que estejam atreladas a práticas sociais, e que a dita revolução comunicacional não é inédita ou consequência do advento dessas tecnologias. A referida revolução é parte de um processo histórico, que tem seu primeiro grande êxito com a Revolução Francesa, sendo que o fluxo desse processo histórico iniciou-se mesmo antes dessa vitoriosa revolução burguesa.

O que a era digital realmente fornece de novo, segundo Bucci, é favorecer o diálogo entre diversos núcleos antes separados na era dos meios de comunicação em massa, o que consequentemente traz alterações à esfera pública. Bucci constata ainda que, mesmo que os núcleos sociais tenham fortalecido o diálogo entre si, a fragmentação ainda permanece em caráter mais amplo, mais geralista. E que por incrível que pareça, a era digital serviu para aumentar ainda mais a credibilidade, a confiabialidade e a reputação de marcas já convencionais na era dos meios de comunicação em massa, como CNN, The New York Times, entre outras.


A mesa seguiu com a apresentação de Javier Bustamante, professor titular de Ética e Sociologia na Universidade Complutense de Madrid e professor visitante do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da UNICAMP. Possuidor de um currículo internacionalmente admirável, Javier expôs em sua apresentação teorias econômicas que dão sustentação à idéia da Internet como uma rede plural, descentralizada e livre, em oposição aos atuais modelos que econômicos que simplesmente tratam os bens intangíveis - como informação, conhecimento e softwares - como se fossem bens materiais (capitalismo cognitivo).

Um dos ramos de sustentação das novas teorias econômicas expostar pelo prof. Bustamante é o conceito de ecossistema digital, de Yochai Benkler: várias "espécies" digitais que se beneficiam mutuamente, a morte de velhos modelos, estruturas auto-organizativas, ver as redes como bem-comum. Javier também referenciou Manuel Castells, citando a emergência de um contra-poder, que é a auto-comunicação das massas. Outra questão chave para a compreensão dos conceitos da nova economia citadas na apresentação é a releitura da lei da oferta e da demanda: é possível uma economia sustentável baseada em bens de consumo? O valor da nova economia não se baseia na escassez, mas na onipresença.


Para encerrar a mesa, contamos com a participação de José Murilo Jr., coordenador de cultura digital do Ministério da Cultura e um dos idealizadores do portal Cultura Digital. Murilo falou sobre como o Ministério da Cultura abssorveu e botou em prática as características interativas proporcionadas pela Internet: inovações no modelo comunicacional, abertura, transparência, diferencial comunicativo, descentralização do conteúdo, entre outras. Murilo também explicou o surgimento e funcionamento do portal Cultura Digital, que tem a pretensão de ser O fórum da cultura digital brasileira. O Cultura Digital tem centralizado diversas discussões sobre o tema, de maneira totalmente aberta, participativa e plural. O portal é uma verdadeira rede social, contendo grupos de discussão, perfis de usuários completos, relações de amizade, blogs internos e integração com outras plataformas sociais interativas, como outros blogs, Twitter, YouTube, entre outras.

Mais informações sobre essa mesa por Gabriela Agustini no blog Cidadania e Redes Digitais.

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